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Crônicas

A 100 por hora

Dois sujeitos, completamente bêbados, iam de automovel, por uma estrada, numa corrida louca.

–  Olha, disse um deles, enrolando as palavras – cuidado, que aí vem uma pontel

– Cuidado, como? – retorquiu o outro. – Não é você que está guiando? ...

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 162.

A dama que caiu no buraco

Como saiu a dama elegante que caiu no buraco, cheio de lama? Ora, saiu profundamente indignada ...

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 108.

O espirito de imitação dos macacos

Um afamado cientista, querendo verificar até onde pode ir o espirito de imitação dos macacos, certa vez se encerrou num quarto com um orangotango.

Em seguida, apanhando uma bola de futebol, começou a dar pontapés na esfera, como se estivesse jogando uma animada partida, correndo e driblando com a pelota de um lado para o outro.

O orangotango acompanhava com grande interesse todos os movimento, até que o cientista lhe passava a bola e se sentava num canto da sala, esperando, naturalmente, que o antropoide lhe imitasse os movimentos.

O simio, no entanto, não ligava a menor importancia à bola e isto fazia com que o cientista repetisse as mesmas cenas futebolescas varias vezes, sem conseguir, porem, que o macaco se interessasse por aquele genero de esporte.

Diante da invencivel indiferença do orangotango, o notavel cientista julgou que o simio estivesse constrangido com a sua presença e, por isso, resolveu deixa-lo fechado no quarto com a bola, para depois espiar pelo buraco da fechadura e observar o que faria, quando se sentisse só.

A surpresa do homem de ciencia, ao espreitar pelo orificio, foi enorme, ao verificar que o orangotango estava com o olho na fechadura, observando  cheio de curiosidade os seus movimentos.

O cientista, desde esse dia, envergonhado com o resultado de sua experiencia, passou a ter um grande respeito pela inteligencia dos orangotangos e decidiu não fazer mais macacagens daí para o futuro.

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p.72.

Artista esforçado

Aquele pintor trabalhava muito. Não tanto para fazer os quadros, mas principalmente para vende-los.

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 122.

O verdadeiro culpado

O homem estava sendo acusado de haver roubado um relogio. Mas se defendeu acusando o dono da joalheria:

-Eu estava lá quando ele, depois de arrumar a vitrine, colocou um cartaz assim - "Aproveitem a ocasião" - e foi embora ...

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 126.

Sujeito distraido!

A mulher ficou furiosa, quando o marido lhe disse que havia perdido o guarda-chuva, não sabia onde.

-Será possível? Você é o homem mais distraído do mundo. Quando foi que verificou que o perdeu?

-Só dei falta dele quando a chuva parou e eu levantei a mão para a fecha-lo...

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 158.

Grande cartás

O dono de um restaurante, em Nova York, afixou na porta do estabelecimento o seguinte cartás:

"Se não quizerdes viver para comer, comei, ao menos para me fazer viver.

Se estiverdes satisfeitos com o meu restaurante, voltai aqui.

Se não o estiverdes, enviai-me os vossos amigos, porque, assim, lhes pregareis uma bôa peça.

Sede original, não leveis os talheres de prata.

Se tiverdes qualquer reclamação a fazer, falai, na gerencia, com meu filho, que é campeão de box."

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 152.

Oraculo ambiguo

Na antiga Grecia havia um célebre oraculo, que respondia com segurança a todas as perguntas que se lhe fizessem sobre o futuro, que para nós hoje já é passado.

Um pai aflito, um dia, perguntou ao oráculo se o seu filho, que devia partir para a guerra, regressaria são e salvo.

O oraculo respondeu por escrito:

“irá virá nunca morrerá nas armas.”

O pai ficou satisfeitissimo com a resposta. Mas a sua alegria não durou muito tempo. Logo depois de dois meses recebeu a dolorosa notícia da morte do filho em combate. Desesperado, foi ao oraculo, afim de reclamar contra o engano da profecia. O oráculo lamentou muito o que havia sucedido, mas fez ver ao velho pai que nada tinha a corrigir. A sua profecia estava certa e havia se cumprido. O que ele respondêra era o seguinte:

“Irá. Virá nunca. Morrerá nas armas”. E não: “Irá. Virá. Nunca morrerá nas armas”, como julgava o pai.

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 212.

Cenas da guerra

Depois de ter regressado dos campos de batalha, o volintario contava alguns episodios da guerra a um grupo de pequenas.

– Uma vez – dizia êle – eu estava num posto avançado, quando fui surpreendido por uma patrulha enemiga, que me cercou, antes de me dar tempo de dar o alerta a meus companheiros. Um dos soldados enemigos poz o fuzil contra o meu peito e apertou o gatilho ...

– Jesus! – exclamou uma das garotas, transida de pavor. – Que horror! Poderia ter atravessado seu coração.

– Não  havia perigo – respondeu o valente. – Nesse momento eu já estava com o coração na boca.

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 216.

Força do habito

Um freguês chegou ao  restaurante de luxo e amarrou o guardanapo no pescoço. O guarção, que tinha sido barbeiro, perguntou-lhe automaticamente:

– Barba e cabelo?

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 142.

Reforma da academia

A Academia Brasileira de Letras precisa ser reformada. As cadeiras são poucas e os candidatos são muitos. Ademais, o número de poltronas é azarento. Lembra a famigerada Camara dos Quá... quá... Quarenta, denefasta memoria.

Tudo ficaria brilhantemente solucionado, se a Academia reformasse os seus estatutos, adotando o regulamento dos ônibus cariocas, que permite 40 passageiros sentados e 8 em pé.

Os 8 em pé iriam se sentando á medida que fossem ficando vagos os assentos, enquanto que os outros, que estavam na fila, iriam entrando com a sua bagagem literaria.

Fonte: Almanhaque para 1949 ou 'Almanaque d'A Manha'. Edição fac-similar, 1991, p. 148.

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